10 janeiro 2006

Auschwitz

Como Tia Márcia e meu pai e mais um monte de gente me pergunta maiores detalhes sobre Auschwitz, falarei sobre isso hoje. Vou tentar lembrar dos detalhes...

Auschwitz fica cerca de 1 hora de trem da Cracóvia, Polônia. Para ir lá, é interessante chegar de manhã e acompanhar um guia durante 3 horas. Nossa guia era uma polonesa que não lembro o nome agora, mas colocava emoção em todas as palavras. Ah, custa uns 10 € e vale muito a pena. A visita começa com um filme de uns 15 minutos sobre Auschwitz, falando como era, o que era, e dando uma geral sobre toda história. Depois nos juntamos ao nosso grupo e começamos a andar. A primeira coisa que a gente aprende é que Auschwitz era inicialmente um campo de concentração e não um campo de morte. Isso, se não me engano até 1942. Quem era mandado pra lá eram principalmente presos políticos - entenda-se por presos políticos qualquer pessoa que não concordasse com o regime. Depois foi que começaram a mandar judeus e ciganos principalmente. Sim, ciganos! Milhares morreram em Aushwitz também, mas a gente ouve somente dos judeus pois sobreviveram em maior número e eles tem maior influência e poder que os ciganos.

O campo é dividido em Auschwitz I e II, também chamada de Birkenau. Aushwitz I é aquela que todo mundo vê nas fotos com uns predios grandes de tijolos parecidos com casarões enfileirados. Foi lá que fizeram os primeiros experimentos com camara de gás. Visitamos essa camara inclusive. No primeiro teste as pessoas demoraram 2 dias pra morrer, no segundo algumas horas e no terceiro alguns minutos. No final todo mundo morria em 5 minutos. A gente visita justamente essa camara e depois os primeiros fornos onde milhares morreram de uma vez. O ambiente é meio pesado, e se você para pra pensar é horrível imaginar aquilo. Mas as pessoas ficam tirando fotos. A guia disse que as vezes alguns sobreviventes vão nas excursões e isso tras lembranças muito ruins e ai sim o ambiente fica pesado. Mas, nosso grupo parecia mais um grupo de turistas japoneses em Salvador. Comportados, mas curiosos.

Bem, após visitar essa primeira (e unica) camara de gás e forno crematorio de Auschwitz I fomos visitar o museu. O museu é dentro dos prédios do campo de concentração e cada prédio tem mais ou menos um tema. Lá a gente vê fotos, documentos, pertences e tudo mais. A guia, com a emoção de sempre, fala pra gente ver as datas das malas e algumas são de crianças de 3 ou 4 anos. Ela dá uma pausa e diz: "Todos foram mortos". E continua esse clima de cada objeto do museu cada oculos, cada escova de dente foi uma vida que se foi. E é dificil imaginar a quantidade de vidas que se foram naquela pilha de malas ou de escovas. E isso foi apenas uma pequena parte do que os alemães tomaram. Coisas apenas dos últimos dias do campo e que eles não queimaram ou destruiram. A gente vê também alumas fotos do dia a dia do campo e como eram as coisas - praticamente iguais pois tudo foi deixado como era na época. O último prédio do museu é onde eram os julgamentos (com todas as sentenças prontas antes), celas, solitárias e o muro de fuzilamento.

Depois a gente pegou um ônibus e fomos para Burkenau, 6km dali. Birkenau foi um campo exclusivamente de morte. Foi lá que foram construídas as enormes camaras de gás e os fornos crematórios. De um lado existem váaarias barracas de madeira (originalmente estábulos trazidos pelos alemães) onde os prisioneiros ficavam e do outro lado algumas casas de tijolos e mais barracões de madeira. Desse lado ficava a administração do campo também. No final, matavam tanta gente que o trem ia dentro do campo, os prisioneiros desembarcavam e iam direto para a triagem. Os que tinham qualificação (como sapateiros, ferreiros, etc) trabalhavam no campo ou na indústria química que construíram la perto. Os outros iam para o "banho", que era direto a camara de gás.

Vale lembrar que todo trabalho era feito pelos judeus. Levar as pessoas para as camaras, separar todos os pertences, dinheiro, coisas que fossem úteis, carregar os mortos para os fornos. Os prisioneiros que faziam isso e a maioria dos sobreviventes eram os que trabalhavam no campo. Eles eram constantemente "trocados".

Visitamos umas barracas e por último fomos nas camaras de gás e nos fornos. Os alemães explodiram tudo, só tem as ruinas. Mas no museu vimos fotos e uma maquete que mostrava como era uma dessas camaras. Eram 4 no total que podiam matar milhares de uma vez. Um dos fornos foi destruido por uma rebelião em Auschwitz. No final começaram a enviar prisioneiros de outros campos, que falavam que os aliados estavam chegando e que os outros campos estavam fechando e isso começou a dar esperanças. Algns rebeldes viram que seriam mortos de um jeito ou de outro e resolveram tentar uma rebelião e destruiram o forno. Mas o resto do campo não se juntou, além deles não possuirem armas. Os alemães torturaram e mataram todos e mostraram tudo isso para os outros prisioneiros. Nessa hora a guia falou "Vontade e coragem não é tudo".

No fim de Birkenau tem um monumento, ao lado das camaras de gás explodidas, com placas em todos os idiomas das pessoas que foram mortas lá.

Não tenho certeza se as informações que coloquei estão 100% corretas pois já tem umas semanas que estive lá. Mas, é mais ou menos isso. Se é pesado...é. Mas não faz a gente passar mal e sim lembrar de uma coisa horrível e inimaginável feita pelo homem e que é parte da nossa história. Podem ver fotos na galeria de fotos no post abaixo. Entenderam agora porque foi uma das melhores excursões que eu já fiz?

7 comentários:

lambari disse...

isso sem falar nos galetos!!!! que ficam tristes e frágeis.

Anônimo disse...

Rapaz, sua narrativa me deu a impressão que o passeio é cruel mesmo.Mas essa guia... era gostosa pelo menos?!

Anônimo disse...

Revoltante saber q aconteceu isso tudo. Pior do que isso, só os trezentos anos de humilhação negra nas Américas.

Agora, quando eu penso no que os judeus têm feito com os palestinos, eu me questiono sobre esse "tributo" que o mundo lhe faz. É desapontador saber que um povo que tenha sofrido, também, com a quase milenar diáspora se comporte desse jeito quando, finalmente, se reúnem num Estado.

Plinio

Anônimo disse...

Igor,

Conte um pouco das suas aventuras amorosas na viagem.
Pelo visto só Lambari se deu bem com as meninas.

Marconi

Anônimo disse...

igor,
adorei de novo. pelos detalhes da pra ver q foi uma viagem inesquecível.
bjo querido e obrigada pelo relato.

Anônimo disse...

Igor
Muito boa a sua descrição dos campos de concentração.
Pelos detalhes descritos acho que vc gostou muito.
Abraços
Marco Aurelio

Davi Cabral disse...

Gostei muito de sua descricao. Voce foi via pacote ou por conta propria? Voce comprou o passeio para Auschwitz em Cracovia. É fácil ir de trem até Auschwitz?