27 setembro 2006

Votos e moedas no cofrinho

Faz tempo que não escrevo nada sobre o Brasil ou sobre minha dissertação. Aproveitando a semana pré-eleição resolvi escrever um pouco aqui sobre isso.

Uma coisa que fico impressionado por aqui é como as pessoas se indignam e cobram o governo a sua posição de 'pagadores de impostos' (tax payers). Eles tem um sentimento do 'meu dinheiro' sendo usado pelo governo. Outro dia estavam querendo construir uma ponte em algum lugar que não me lembro agora. Só que as pessoas não viam necessidade de gastar o dinheiro delas com isso e foram aos jornais, fizeram abaixo assinado e a maior confusão na mídia. Não sei se construiram a ponte ou não, mas o que sei é que o pessoal estava indignado pois não queriam investir o dinheiro deles nessa ponte.

Para um brasileiro isso parece a maior bobagem. Primeiro, a gente evita pagar a maior quantidade de taxas possível (mas paga de qualquer jeito a maioria) pois nunca nosso dinheiro vai ser usado para algo que seja um benefício direto nosso. Depois a gente vê na mídia o que fazem com o nosso dinheiro: comprar dossiês (na moda), ser desviado em tranbiques e maracutaias ou para pagar deputados corruptos, sem falar em outras coisas. Esse é o destino dos impostos e taxas que a gente paga (ou parte dele)? Eu posso afirmar então que eu, como pagador de taxas, sou sócio do Governo. :) Enfim, não existe o senso de que o dinheiro que a gente paga ao governo é o nosso dinheiro, mas sim, o dinheiro 'deles' e por isso usamos nosso jeitinho para não dar dinheiro para 'eles'. E pior, as pessoas acham que é isso mesmo e deixam pra lá. Não há protesto de verdade. Não há senso coletivo pra melhorar o país. Há politicagem e cada um defende apenas o seu.

Aqui, cada um defende o seu bolso, mas me parece que sabem que não vão conseguir benefício individual, então acabam se juntando para, digamos, não construirem uma ponte.

Outro dia estava vendo o programa do Jamie Oliver. Ele inventou uma crusada pra fazer as criancas se alimentarem direito no colégio, pararem de comer porcaria e terem refeicao decente. Sim, é claro que isso era para aumentar a audiência do programa dele. Mas, no fundo era uma causa coletiva. No final do programa Tony Blair atendeu o cara e perguntou pra ele 'o que é que vc quer?'. E ai se comprometeu a dar grana e condições na frente da TV. Todo mundo ficou feliz. Jamie Oliver conseguiu a audiência do programa, Tony Blair ficou com a moral alta e as crianças vão se alimentar melhor. Em contraste, João Kleber e Ratinho ficam promovendo casais se arrebentando na TV, por exemplo. E Hebe... E Silvio Santos? E nossos políticos? Mais uma vez: não existe senso de coletividade. Cada um so faz aquilo que seja bom para o seu bolso ou sua imagem. Aqui não é perfeito, existem os famosos tablóides que acho que são a mídia mais escrota que existe e o povo adora. Mas existe um senso coletivo nas pessoas, diferente da fome por escandalos e sensacionalismo - que é outra coisa -, isso que quero dizer.

Só para lembrar: votar é algo coletivo e não um ato puramente individual. É como moedas sendo depositadas num cofrinho. Uma não é nada, mas um monte delas já podem comprar umas cervejas ;)

16 setembro 2006

Aniversário

Para quem não sabe, hoje, dia 16/9 é meu aniversário - 31 anos - to ficando bem velho. Não sou muito chegado a essa data e para mim, aniversário é um dia pra fazer aquelas coisas que gosto. Ou seja, hoje vou passar o dia lendo, dormindo e, acredito que se sobrar tempo, vou comer algo bom.

Cartões de aniversário e emails são sempre bem-vindos. :)

Hoje também é aniversário do meu flatmate, o John. Então, talvez a única coisa mais social que faça é dar um pulo no pub para tomar uma cerveja com ele e o pessoal mais tarde.

Recebi um presente misterioso da loira pelo correio que tinha instruções para abrir, mas como não consegui pegar as instruções ainda não sei o que é.

No mais, aniversário pra mim é um dia normal, sem muitas coisas diferentes, bom também para ser uma desculpa pra falar com pessoas que gosto e/ou que não falo faz tempo.

Estou meio sem tempo para escrever esses dias. A dissertação está acabando com minha capacidade de pensar e escrever no blog. Vou até escrever um post sobre isso nos próximos dias para atualizar vocês com o que estou fazendo.

08 setembro 2006

Liverpool e enrolado em Edinburgh

O Ale veio aqui fazer uma visita relampago de 3 dias essa semana e resolvemos dar um pulo em Liverpool, a terra dos Beatles.

Pra começar no dia que ele chegou aconteceu um dos negócios mais bizarros que poderiam acontecer em Edinburgh - fui roubado. Na verdade fui enrolado, dei uma de otário. Explico... Depois de termos tomado umas cervejas ficamos esperando o onibus pra voltar pra casa. Então um sujeito adolescente ficou puxando papo com a gente no ponto. Ele parecia bebado e/ou drogado e tentava trocar o dinheiro dele porque aqui no onibus se vc paga a mais eles não te dão o troco e você perde o dinheiro. Fiquei falando pro Ale: "rapaz, se isso fosse no Brasil eu estaria com medo desse cara aqui... mas todo mundo é inofensivo, ninguém rouba ninguém, nem faz maldade...". Pobre Igor... Pra encurtar as estória, depois de ficar enchendo o saco de todo mundo no ponto de onibus ele trocou o dinheiro comigo: 2 notas de 10 por uma de 20. EU, na inocência que ninguém rouba ninguém, pensei que não poderia ter nada errado... Só fui ver as notas de papel no dia seguinte. Isso é pra eu aprender que tem gente escrota em qualquer lugar e pra deixar de ser besta.



Isso ai é o famoso Albert Dock em Liverpool. Infelizmente não tenho mais fotos de lá. Fomos de trem e chegando lá andamos bastante graças a termos escolhido economizar 7 pounds em um hotel mais longe. Batemos perna na cidade, que é cheia de lojas de instrumentos musicais e gente tocando nas ruas e a noite fomos pro Cavern Club Pub - em frente ao Cavern Club. Tava bem vazio em plena terça, mas a banda era muito boa e acabou enchendo mais no final da noite.

No dia seguinte fomos no museu dos Beatles. Tava tendo uma esposição no museu naval sobre a vida dos marinheiros gays que o Ale queria ir, mas eu não deixei. Comemos um hot dog típico e eu voltei pra cá. O Ale foi para a Donington park direto de lá mesmo para trabalhar.