Estava com vontade de falar sobre isso, um monte de gente vai me mandar emails desaforados e comentários enfurecidos, mas, como sempre digo, o blog é meu e posso escrever o que eu quiser. :) Terminem de ler antes de comentar.
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Tenho tentado explicar essa estória para os gringos, de que os brasileiros são pessoas "más" (entre aspas), por natureza. Maldade no sentido do "jeitinho brasileiro", de querer levar vantagens em tudo, enrolar os outros em benefício próprio. E isso não é só uma coisa
individual, mas algo corporativo também. O que os bancos fazem com todo mundo é um caso típico. Enchem de taxas, siglas e valores que você tem certeza que estão te roubando, mas que precisa concordar, pois é tão complicado que ninguém tenta entender ou discordar -- certo, minha mãe tenta.
Se colocam um pão a mais nas suas compras, ou esquecem de cobrar uma cerveja que você tomou no bar, você certamente fica feliz e não chama atenção (ou as vezes até chama, contando vantagem para os outros). Esse tipo de coisa, simples, está embutida na nossa maneira de pensar. Acho que por causa das dificuldades históricas que passamos durante séculos, por uma questão cultural, ou simplesmente por fazer parte da nossa sociedade, todo mundo aceita e/ou faz, com uma certa naturalidade.
Essas coisas pequenas, também aparecem nas coisas maiores, como nosso congresso, políticos e governo. Vejam alguns exemplos das manchetes políticas de hoje:
- CPI faz acareação entre Cachoeira, Buratti e Waldomiro
- Dirceu recorre ao STF contra cassação de seu mandato
- Caso Santo André continua como ameaça, diz analista
- PF apura uso de gráfica oficial para candidato do PT
- Governo prejudica pobres para beneficiar ricos, diz frade
- Defesa vê contradições nas acusações contra Maluf
Será que isso é um reflexo do "jeitinho brasileiro"? Ou será que nossa história sofrida nos fez pessoas piores? Ou ainda, será que esses fatos são fatos isolados que mostram apenas uma pequena parte da sociedade brasileira?
Para mim, a única diferença dos políticos acima, para alguém que não paga a cerveja no bar ou leva um pão a mais na padaria é apenas a quantidade de dinheiro ou responsabilidade envolvida. Na essencia é a mesma coisa.
Algumas conclusões que tenho tirado:
1 - Nós não somos os únicos que somos assim
2 - Somos assim por vários motivos
3 - Muitas pessoas de fora - principalmente que conhecem brasileiros - tem uma imagem negativa da gente, pelo que falei acima
4 - Festa e farra aliviam a realidade
5 - Essas são minhas opiniões e não necessariamente a verdade
Meu irmão Alvinho, falou sobre a experiência dele na Nova Zelandia e sobre considerações sobre si mesmo:
"Sou brasileiro e baiano, e nada no mundo vai conseguir mudar quem eu sou, aonde quer que eu vah e em qualquer circustancia eu sou brasileiro e baiano. Com todos os defeitos e qualidades que esse estigma possa encerrar"
Eu concordo com ele totalmente, e acrescento:
Eu amo essa bagunça toda!! Isso mostra que temos uma história, uma cultura e um povo que são únicos. E, falando do lado bom, um monte de gente está tentando mudar (e mudando) muitos aspectos ruins da gente.
Tem muita gente honesta, muita gente querendo o bem e muita gente querendo mudar esse nosso lado negativo.
Sejamos o lado bom do brasileiro!
Igor, quase em lágrimas
ps: sou cearese e não baiano, mas como diria o Alê, eu seria baiano numa boa.
11 comentários:
Igor,
não vou sacanear dessa vez...
Acho que quanto mais longe a gente vai mais fácil é entender que o Brasil, com tudo isso de ruim q vc falou, entre outras coisas, ainda é o melhor lugar do mundo. Por um motivo bem simples: é o nosso lugar.
Eu não ligo muito para o que os gringos pensam, a gente também faz pré e pós-julgamentos sobre eles o tempo todo. Nem todo homem usa saia na escócia, por exemplo, rs...
Mas o legal é que pensar sobre o Brasil, ser consciente dos problemas e dar valor às virtudes é, de alguma forma, construir um país melhor.
Quando vc voltar, teremos um Dr. e alguma coisa importante em tecnologia (rs) que é brasileiro. E não desiste nunca, rs.
Abs,
Alê
P.S.: sou paulista, mas seria baiano, sem problemas.
Igor,
Você está parecendo vendedor da Amway e Herbalife pentelhando pra gente comentar seus posts...
Mas vamos lá:
Um dia eu achei um queijo ralado debaixo das sacolas do caixa do supermercado, euqnato eu embrulhava as minhas compras... Como ele já estava pago e não pertencia a ninguém, sem titubear, levei pra casa. A marca do queijo era bem tosca, mas por um momento achei que estava me vingando de todas as sacanagens que as grandes cooporações fizeram comigo na vida...
Entre baianos e cearenses, os piores são os cariocas... Já experimentaram pegar um táxi na cidade maravilhosa?
Quando eu era criança, juntos com os amigos tirávamos chumbada dos carros para derreter e fazer fichas de fliperama, mas era sem maldade nenhuma...
Na Bélgica, vi uma cadeira cheia de moedas na porta de um banheiro... Me deu uma vontade de escolher algumas (as de maior valor, claro), mas não tive coragem... No entanto, também não depositei dinheiro nenhum após usar o sanitário...
P.s.: sabedor da lei universal que a corda sempre quebra no lado mais fraco, sempre devolvi trocos a mais para garçons, jornaleiros e caixas de supermercado.
Remio
Fudianus,
aqui o pessoal não faz muito julgamento dos brasileiros. Não é vocˆ´quem está prejulgando pra eles?
Bom, de qualquer maneira acho que você vai ficar feliz em saber que existe uma coincidência no mundo: as colônias latinas (portuguesas, espanholas, francesas) não deram muito certo. Normalmente elas são corruptas, burocráticas com tudo isso que você comentou. Não estamos sós! Enquanto que na maioria das vezes as colônias anglo-saxônicas são menos burocratizadas, muito menos corruptas e, em sua grande maioria viraram países 'ricos'.
Duas hipóteses pra isso: (1)as colônias latinas são mais antigas e (2) Tem alguma coisa a ver com a religião católica.
Não sei o que pode ser mais verdadeiro, mas teve um sujeito que escreveu um livo discutindo essa questão religiosa. Depois te mando o título.
Então pode ser que o espírito do jeitinho brasileiro seja exatamente a externalização da religiosidade que tem dentro de nós.
paraibano,
diferente do Ale, eu vou te sacanear. Po! Depois que vc começou a usar saias vc ficou emotivo?
O tempo q vc levou escrevendo esse texto vc poderia estar melhorando a imagem do Brasil aí. Como? Comendo gente! Brasileiros são os maiores comedores! E baiano que é baiano ou come gente ou dança axé. Em que grupo você se encontra?
Hahahaha brincadeiras a parte, foi legal ler mais uma bíblia. Vc tem que começar a usar {mospagebreak} no teu blog (hahaha piadinha nerd rules!)
Abraço!
O Brasil tá uns vinte ou trinta anos, no mínimo, atrasado em relação a qualquer país decente.
É a nossa cultura, são os nossos valores. Os esquisitos Japoneses valorizam a educação (exatas). Os caipiras Estadunidenses valorizam dinheiro. (No Brasil, não ter dinheiro além de garantir uma vaguinha no paraíso faz de alguém. uma pessoa melhor). Por lá não é feio ter grana. Os pomposos Europeus valorizam a cultura.
Nós, do Bananão, valorizamos a capacidade individual ou coletiva de tapiar alguém. Não vejo nada de mal nisso. Mas nem isso fazemos direito. Veja o caso de sua exelência, o ilustre presidente eleito. Somos ruins no que nos propomos a fazer.
Não tenho orgulho de ser brasileiro, nem de ser cearense, muito menos de viver na imunda, insegura e fétida Fortaleza. Nasci e vivo na Terra - me refiro ao planeta, evidentemente. Essa é minha morada. Longitude 39°W, Latitude 4°S, -3GMT.
Fortaleza é um mico total, desaconselhável a qualquer Turista de bom senso. Exeto os de aventura. Ou estudantes de antropologia.
Aos que pretendem um dia vir, aqui vai um humilde conselho: Caiam fora! Tudo Propaganda enganosa. Muito se fala da hospitalidade do cearense. É balela. Papo-furado. O que há é um imenso desrespeito à privacidade e ao espaço alheio. Não confiem nunca num cearense. Reconheçam a cabeça de longe e fujam antes que seja tarde.
Como é fácil perceber, Fortaleza não é muito diferente de qualquer outra capital vagabunda do nosso querido Bananão.
Talvez algum idiota - o que tem aos montes em terras alencarinas - diga: "Ora, e Teresina, heim? Lá é pior". Sem comentários. É como ficar feliz por comer cocô uma vez ao dia enquanto outro come três. Viver em Teresina deve ser no mímino prejudicial à saúde.
Pra se ter uma idéia, moro num bairro "nobre" de Fortaleza - nobre aqui é eufemismo. Na menos-horrível região da cidade. Acreditem vocês que meu prédio tem: muros, grades, sensores de movimento e cerca eletrificada.
É desaconselhável andar pela vizinhança com relógio ou outra coisa além das vestes. Na verdade é desaconselhável andar. De carro só em último caso.
Tetar atravessar qualquer avenida na faixa de pedestre é uma aventura. Não raro, motoristas aceleram em ponto morto pra apressar nossa travesia. Bem típico. E o mais assustador é que nada disso é visto como anormalidade.
Acreditamos que um prefeito vai limpar a cidade mas jogamos qualquer porcaria pela janela do carro. Somos porcos. Vivemos na idade da pedra.
Culpam os políticos. Mas os políticos somos nós. São consequência da sociedade. Ou acham vocês que eles vem de Júpter? Brasília é um microcosmo da sociedade brasileira. Nem melhor. Nem pior. Igual.
Somos um povo ruim. Desqualificado e imensamente ingênuo. Acreditamos cheios de entusiasmo em qualquer palerma que se proponha a nos salvar. Sempre fomos assim e continuaremos a ser. Acreditamos em tudo. Em Deus, horóscopo, simpatia, duendes...
Ah! e praqueles que ainda tem esperança. Não a percam. O aeroporto fica logo alí.
bruno baitola cabral
Igor,
Eu realmente acho que o povo brasileiro não tem bons costumes com relação a honestidade. E esse é um valor que só benéfico para os ricos.
Enquanto o povo fura filas, os empresários compram licitações. Enquanto o povo não devolve trocos, os empresários não pagam impostos.
Este pensamento de "já que todo mundo é desonesto eu também posso" só vai continuar aumentando a quantidade de pobres e reduzindo a quantidade de ricos(que ficam cada vez mais ricos), afinal, enquanto os bancos estão autorizados pelo governo a cobrar as taxas altissimas do povo todo, o povo só consegue tirar dinheiro dos ricos se for ilegalmente.
Eu também amo muito meu pais, e especialmente seu povo. Eu penso que sendo honesto e divulgando a honestidade como o melhor caminho ao povo, eu estarei demonstrando meu amor.
Eu penso que fazer de tudo pra mudar a situação calamitosa do nosso povo é a melhor prova do nosso amor... e peço sua ajuda.
Pablo Arruti
P.S: Sou baiano, sem problemas.
Não poderia deixar de tecer comentários sobre um assunto tão polêmico. Pois então, lá vai.
Nós não temos furacões, nem tsunamis, ou qualquer fenômeno natural que nos impeça de sentirmos segurança, mas, meu amigo, tem uma galerinha lá no Palácio do Planalto que é pior do que qualquer intempérie. É uma turma que tá impregnada de "jeitinho brasileiro" e que nos faz ter a mesma sensação de insegurança de quem vive no Japão que, periodicamente, é sacudido por um terremoto.
Ultimamente, quando ligo a tv para assistir o noticiário, tenho a sensação de que estou num pântano. Num lamaçal! É uma sugeirada que tá respingando em todo mundo que eu não imaginava que fosse se sujar.
Lama. Esse é o nosso fenômeno natural. Matei a charada! O Brasil foi erguido num terreno pantanoso e, por isso, corre o risco de submergir.
P.S. Tem uma contradição no seu texto. Ela se revela quando vc diz que "nós não somos os únicos que somos assim" e quando, um pouco mais adiante, assinala que "isso mostra que temos (...) uma cultura e um povo que são únicos".
Abs,
Plinio BaLi
É difícil de escutar, mas é verdade. Inclusive, digo a você: cuidado com a forma que você vai falar essas coisas. Pelo meu site, recebi certas ligações aqui em casa...provavelmente das mesmas pessoas que o tiraram do ar por motivos óbvios: as reflexões que eu fazia.
Abração
Gordo,
andei refletindo um pouco com um professor daqui da UNE que eu trabalho e chegamos a outras interessantes conclusões com relação ao desenvolvimento das colônias de origem latina e saxônica.
Talvez seja só um monte de bobagens, mas a Austrália foi a primeira coliuonia formada após o iluminismo. Sim, e daí? Daí que os princípios de igualadade e humanisticos foram postos em prática (pelo menos em parte) pelos britânicos. Nos EUA ainda existiu escravidão no sul, mas na Austrália, mesmo tendo sido explorada da mesma forma que a América Latina e os EUA, eles (quase) sempre pagaram os trabalhadores.
Enfim, talvez isso tenha sido a aplicação dos princípios iluministas por aqui...
Ah, esse professor falou que uma das razões pelas quais a gente relaxa tomando cerveja é que , fora o álcool, uma das ervas que é usada na fabricaçnao da cerveja é parente muito próxima da maconha. Diz ele que é tão próxima que é possível até o cruzamento sem, contudo, originar descendentes férteis... Acredite se quiser....
Igor, acho que o que vc escreveu sobre brasileiros só é verdade em parte. Como fenômeno cultural, a questão do "jeitinho" assume diferente conotações nas diversas regiões de nosso país. Assim como o padrão de valores de cada um que vai qualificar o que vem a ser o jeitinho brasileiro. Se confrontado com padrões estrangeiros serão ainda maiores os paradigmas que poderão ensejar um questionamento ético. Porém a ótica de quem formula esta análise deve levar em consideração todas estas circunstâncias que permeiam o caso concreto.
É evidente que determinados comportamentos são manifestamente reprovaveis em qualquer lugar e para qualquer pessoa, porém outros se encontram em uma zona cinzenta que carecem de análise circunstancial de acordo com elementos os culturais que forjam os valores éticos das pessoas inseridas naquele contexto.
Viajando por muitos paises da América do Sul, sempre me foram destacadas as caracteristicas positivas do povo brasileiro ao tempo que pude perceber que o chamado "jeitinho brasileiro" tb estava presente na cultura daqueles povos. No Peru, Bolívia, Chile (um pouco menos) e Argentina também se pratica o "jeitinho brasileiro". Isto me fez concluir, de logo que não se trata de um problema endêmico o que já vale para a descartacterização do nome, mas principalemnte é possível perceber que a questão sobrevive na medida em que o Estado é incapaz de repreender as praticas que ferem o padrão ético e violam a legalidade. Em verdade, o problema do jeitinho não é so um fenômeno cultural, pois considerando que este padrão de comportamento muitas vezes viola preceitos legais, o Estado deve dotar poderes instituições comprometidas com a repressão deste comportamento. Na medida em que o Estado encabeça esta liderança, e os aspectos positivos são sentidos pela sociedade, o padrão de comportamento também começa a mudar, não mais apenas por uma necessidade coercitiva oriunda do poder público, mas espontaneamente por força da consciência cidadão.
Então não se trata de "jeitinho brasileiro" algum. Podemos até ser campões nisto, como o somos no futebol, mas não somos criadores e não ha originalidade brasileira nesta prática. Ocorre, porém, que no Brasil encontramos um mecanismo de defesa des ta prática, aproximando-a de valores que reportam a nossa identidade. Acontece que este defeito de comportamento muitas vezes é propositadamente associado ao espírito alegre do brasileiro para servir como um escudo a permanência desta prática infeliz. Por força disto muitas pessoas são induzidas a pensar que o defeito ético faz parte da alma brasileira e cunham expressões como "apesar de tudo eu amo esta bagunça", "esta lei não pegou" ou o melhor exemplo que é a própria expressão "jeitinho brasileiro". Apesar de não ter nada de genuinamente brasileiro, trás um apelo ao que seria o espirito brasileiro de se viver, de sorte que passamos a ser incapazes de dissociar o que há de positivo e o que há de negativo em nosso comportamento. Seria como se tivéssemos que engolir a fruta toda mesmo sabendo que contem uma parte podre, o tom "verde amarelo" teoricamente nos impediria de mutilar a parte podre sob pena de estarmos descaracterizando nossa identidade. As expressões tornam-se capas protetoras do desvio comportamental.
Por fim creio que é possìvel perceber que situações comportamentais como esta podem ser identificadas nos paises que apresentam uma deficiência no desenvolvimento de suas instituições estatais, o que de forma alguma pode se concluir como incorrigivel. Trata-se sim de mais uma das expressões do sub desenvolvimento, manifestada em baixos graus de confiança que as pessoas t~em entre si e entre as instituições públicas. Todavia, como o desenvolvimento é um processo histórico, creio que em algum momento também foi possível detectar o "jeitinho" em sociedades desenvolvidas. Assim, o processo de correção destes valores equivocados deve partir do Estado, atingindo a sociedade, primeiramente de forma coercitiva para depois arraigar na consciência popular por uma questão de educação. Destaco ainda que enfatizar uma atuação coercitiva do Estado não é descabida posto que em um país como o Brasil, de proporções continentais, com um grande contigente populacional, sem uniformidade no desenvolvimento regional apelar para a conscientização popular, seria conduzir o esforço ao fracasso. É claro que deve ser disseminada uma consciência coletiva do que seja ético e as pessoas devem assumir esta posição e praticar a ética, porém se valer apenas da conscientização popular, ou priorizar esta compreensão em face da posição ativa do Estado, como muitas vezes vem se fazendo, apenas reforça o "jeitinho brasileiro" na medida em que sabemos que por força de um problema contigencial, esta proposta não será recebida ou sequer entendida por todos os brasileiros e sendo o movimento promovido, mas não sendo assimilado a prática negativa sai fortalecida como problema endêmico, indissolúvel e mais uma vez travestida como elemento de nossa identidade cultural.
I wish I could understand what you wrote because I've enjoyed our talks but hey I must go and learn your language :)
cheers, Kolbrun
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